quarta-feira, 23 de março de 2011

Breve para sempre...

_Eu não sabia o que fazer. Eu estava perdido, sem chão, com medo, com frio. Eu só via você.
O vento chiava do lado de fora do carro enquanto a noite ia se arrastando junto com as horas e os suspiros úmidos deles. A lua nunca fora tão grande e ao mesmo tempo tão insignificante.

_Eu não sabia o que fazer. Eu nunca soube. Eu sempre fiz errado e quando achei que estava tudo certo, quanto tinha você, achei que tinha encontrado a única certeza na minha vida. E quando tudo parecia bom... você se foi.
_Eu sinto muito.

Uma lágrima despencou daquele par de olhos cor de mel, uma lágrima que escorreu pelo rosto dele com uma gota de sangue de uma enorme ferida aberta por uma lâmina cega.

_Eu fiquei perdido.
_Eu estou perdido, mas parece que depois de tanto acabei encontrando algo que me anestesia uma realidade que não deveria pertencer a ninguém... Não sei o que fazer... sempre esperei ouvir isso, sempre quis que você sentisse isso, mas agora não é a hora certa, não é mais.

_Você me ama?
_Não se trata apenas disso.
_Você me ama?

E o silêncio se fez dentro daquele carro. O cheiro de cigarro era intenso e algumas gotas cairam no vidro dianteiro. Aquelas mãos não eram as mesmas de anos atrás, disso ele tinha certeza, mas quando ele se virou e encarou a face do homem que o fez feliz e triste por tanto tempo, ele percebeu que ainda era ele, que ainda estava ali a essência de tudo que era bom na sua vida até aquele dia, e ele perguntou novamente:

_Diz, você me ama?

Suspiro. Olhar. Suspiro. Lágrima.

_Como nunca amei alguém até hoje.

A porta do carro se abriu e ele se foi, talvez para sempre. No banco, um rascunho feito com um papel velho, escrito a um tempo mais velho ainda: "Pra sempre meu, pra sempre seu, pra sempre nosso."
A lua continuou a brilhar.

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